Diálogo:
A: E aí? Tudo bom? Como vai a vida? Tem trabalhado muito?
F: Tenho, sim! Estudando e trabalhando. Depois tô querendo um mestrado, mas aqui não tem a área que gosto.
A: Você gosta de quê?
F: Patologia animal.
A: Ah! Busca no Google: "Mestrado em Patologia Animal". Deve aparecer uma lista inteira de lugares que tenha.
F: É mesmo!
A: Mas e a namorada? Ainda está com aquela mocinha novinha?
F: Nada, "dei um chute". Complicou.
A: Bichinha, rapaz... O que ela te fez.
F: Engravidou!
A: Eita!
F: Mas eu fiz a danada tomar Citotec!
A: Mas essa menina não tinha 17 anos?
F: Pois é! Eu disse pra ela: "se não tomar vai ser pior pra você! Eu não vou tá aqui!".
A: ...
F: É, meu fio... Sobrevivência... Eu não tenho condições agora não. O problema é que eu não gosto de usar camisinha. Não tem jeito! É ruim!
A: Rapaz...
F: Eita! Vou indo, que tô atrasado, tô com outra namorada agora, comecei logo quando eu me desfiz daquela! Ela tá me esperando. Essa outra coisa! Falou!
A: ...
"A", obviamente, sou eu. "F" um colega de algum tempo. Fiquei muito chocado com a facilidade que ele falou: "fiz ela tomar o Citotec!" Basta clicar no nome para ter noção do que é essa droga. Para uma adolescente! Corpo em formação ainda. Em uma frase essa figura confessou uma série de delitos. Mas logo depois alegou legítima defesa, com um "questão de sobrevivência". Não falo pelo aborto em si, pois eu acho que as mulheres quem devem discutir isso, salvo os casos em que aquelas sofrem risco de morte por causa da gravidez (isso é opinião médica), pois é no corpo delas que a criança se desenvolve. Mas a vida da garota correu risco também e ele falou isso numa naturalidade assustadora. Pelo que eu vi pela internet, isso é mais comum do que eu pensava. Em pleno século 21, com todos os métodos anticoncepcionais disponíveis gratuitamente pelo governo. Esse diálogo me fez refletir... Ainda estou refletindo. Um dia eu acho uma conclusão. Isso realmente me chocou.

